JOAQUIM XAVIER DE SOUZA, natural de Macau, Estado do Rio Grande do Norte, nascido no
dia 21 de janeiro de 1921. Quando
começou a Segunda Guerra Mundial eu trabalhava no campo com meu pai em Macau. Quando
fui convocado para a guerra, fui para Natal-RN e de lá para o Rio de Janeiro
onde fui doutrinado no Exército por dois anos e 9 meses, quando fui sorteado
para ir à guerra e escalado para o 16° RI, embarcando para a Itália no navio
General Meigs no dia 08-02- 1945 e lá ficando até 08-05-1945 quando retornei ao
Brasil. Na Itália servi a FEB como mensageiro, em certa ocasião, meu comandante
me deu ordem para engolir a mensagem caso fosse capturado pelo inimigo. Fui
ferido em combate (há cicatriz nas costas, próxima ao ombro direito), lembro
que meu comandante gritou: "Não levanta ninguém, quem se levantar
morre". "Joaquim, não saia do lugar". No fim da batalha,
levaram-me para uma barraca onde as enfermeiras cuidaram de mim. Apesar de ter
perdido muitos amigos e do ferimento, não guardo mágoa dos alemães, não sinto
raiva deles, tenho consideração pelos meus inimigos e colegas de FEB, pois
todos eram meus contemporâneos.
Com relação as batalhas, todas foram muito difíceis, na
Itália fazia muito frio. Fiquei muito triste ao saber que dois companheiros da
FEB morreram num acidente automobilístico ao regressarem da Itália, estavam
indo do Rio de Janeiro para São Paulo(Seu Joaquim guarda a foto dos dois na
parede da sala).
Ao regressar ao Brasil fui reformado pelo Exército e voltei
para Macau onde fui trabalhar como estivador. Casei em 1950 com Francisca (Dona
Francisca, sua esposa), contei-lhe minha história, mas durante o casamento
costumava falar pouco na guerra e na Itália para minha família, não foi uma boa
experiência. Guardei meu uniforme e muitas lembranças da guerra. Lá em Macau
era reconhecido pelas pessoas, eles sabiam o que tinham acontecido comigo,
cheguei a ganhar uma comenda do prefeito.
FONTE - RANIELLI CAVALCANTE DE MACEDO
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